quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

[RESENHA] - AS BRUMAS DE AVALON


"e todas os Deuses são uma deusa, e há apenas um iniciador. E a cada homem a sua verdade, e Deus com ela".

As Brumas de Avalon, uma série de quatro livros escritos por Marion Zimmer Bradley. Trata da tão comentada lenda do Rei Arthur da Bretanha, essa "quadrilogia" trata sobretudo do homem, das escolhas do homem, das crenças do homem, e do destino que cabe ao homem devido as suas escolhas e crenças. É uma narrativa excepcional, emocionante.
É certo que todas as pessoas que conheço (não necessariamente pessoalmente) que leram a amam de paixão, muitas vezes a tendo como a sua obra favorita. Eu devo admitir que em certar partes eu considerei o livro cansativo, principalmente nas partes onde a autora narra os pensamentos amorosos das personagens e o sofrimento de desejar um amor proibido, como no caso de Gwenhwyfar e Lancelot, porém nada no mundo deve te impedir de ler essa obra.
Como eu disse a obra é rica por tratar dos dramas humanos de todas as espécies, desde o incesto até o amor platônico, a tragédia e até mesmo a religião, essa frase com a qual abri a resenha representa bem o cunho religioso do livro.

Logo no primeiro volume somos apresentados a Viviane, a rainha do lago, sacerdotisa que representa a grande Deusa (deusa cultuada pelo povo de Avalon), Avalon é uma ilha envolta em Brumas, sendo necessário para adentrar seu território uma sacerdotisa capaz de com um encanto afastar as brumas. Avalon é acima de tudo um mundo encantado (sim, a obra tem um cunho fantasioso forte).
Viviane sendo representante da Deusa em pessoa é capaz de com encantamentos utilizar o que as sacerdotisas chamam de Visão, que permite que elas veja o futuro ou até mesmo 'profetizar'. Viviane dirige-se a Cornualha acompanhada com Merlim da Bretanha, onde sua irmã Igraine é casada com o duque da Cornualha Gorlois. Nesse encontro Viviane revela a Igraine que o Grande Rei da Bretanha Ambrósio está prestes a falecer, e que com a ascensão do Cristianismo a religião antiga da Deusa está caindo no esquecimento, e conforme isso acontece Avalon se afunda mais e mais nas Brumas, podendo chegar ao ponto de sair do mundo real.
Viviane então profetiza que Igraine deve se casar com o próximo Rei da Bretanha Uther Pendragon e que desse casamento nascerá aquele que unificará a Bretanha e vencerá os Saxões. Esse rei que nascerá será Arthur, com esse plano Viviane tem o intuito de coroar Arthur segundo os rituais de Avalon e torna-lo fiel a eles para que Avalon não caia nas Brumas.
Aí temos o primeiro grande conflito interno da obra onda Igraine já casada, com um homem que não ama embora o respeite pois tem com ele uma filha, Morgana, tendo que conquistar Uther seu amado. Sucede uma série de acontecimentos (não citarei aqui claro pois o intuito não é recontar o livro e sim dar uma breve introdução) em que Uther se casa com Igraine e dá a luz a Arthur (após isso ele nunca mais foi capaz de dar um filho a Uther).
Arthur após sofrer risco de vida por uma armação da própria tia e do cunhado Lot, ganancioso pelo trono, senão para si para seus filhos, Arthur é enviado para ser criado em outro reino. Após a morte de Uther, Arthur é coroado nas ilhas de Avalon em um dos rituais onde ele se deita com uma sacerdotisa virgem, e bem não vou falar quem é claro!
Após esses eventos Morgana faz para seu meio-irmão Arthur uma bainha para a espada Excalibur, bainha essa que independente da gravidade do ferimento que  Arthur venha a sofrer ele não sangrará até morrer.
No segundo volume somos apresentados a Gwenhwyfar (odeio ela) que vem a ser a Grande Rainha, esposa de Arthur (inclusive a Tavola Redonda que tanto se fala foi uma parte do dote dado a Arthur pelo sogro). Nesse período Morgana morava com a tia Morgause no Reino de Lot.
Na grande guerra com os saxões Gwenhwyfar cose uma bandeira da virgem para Arthur levar na frente do pelotão, ele acata a mulher e abandona a haste do Pendragon, traindo assim o juramento feito a Avalon, nesse ponto outro conflito é estabelecido, o religioso, onde Arthur e Avalon não estão mais acertados.
Grande parte do segundo livro explora o psicológico de Gwenhwyfar, onde ela é atormentada por desejos carnais pelo cavaleiro (fiel e grande amido de Arthur) filho de Viviane, Lancelot, essa parte em especifico eu me canso um pouco por achar a autora um pouco repetitiva.
Pode parecer que com isso a história já está contada mas em cada volume temos uma série de acontecimentos centrais que guiam a estória. O livro é muito denso, embora curto, mesmo porque a autora as vezes em poucos parágrafos da grandes saltos na estória.
Seguido desses acontecimentos ainda temos muitas coisas, como o nascimento de Mordred, filho de Morgana, a paz com os saxões, a mudança de Caerleon para Camelot, o desenvolvimento do amor de Lancelot por Gwenhwyfar, vários cavaleiros são nomeados por Arthur. E a trama só cresce, caminhando para uma iminente tragédia
Como eu disse no começo o livro tem um tom profético em muitas partes, porém profecias essas que são feitas por escolhas acima de tudo, e dessas escolhas pode-se colher mil frutos bons, mas nem todos o serão. Todas os atos tem suas consequências e o destino com certeza irá cobrar com sangue e pranto o que lhe é devido.

***

Acabei injustamente na minha rápida introdução de alguns fatos do livro omitindo umas das personagens, a filha de Igraine, Morgana das fadas. Morgana é de longe minha personagem favorita e considero-a como a principal personagem do livro até mais que Arthur.
Morgana luta por seus ideais maiores, compreendo as motivações e frustrações dela ao longo do conto.
Morgana nasceu na Cornualha filha de uma jovem Igraine e Gorlois, o Duque. Em sua infância na Cornualha sempre fora agarrada a mãe e a mãe, sozinha no recinto, a filha. Tudo muda após o casamento de Igraine com Uther o Pendragon, a partir desse ponto Igraine fica devota ao marido, negligenciando Arthur à Morgana, que a princípio despreza-o, tratando-o como coisinha feia. Porém depois cria um laço quase que maternal com o meio-irmão.
Após Arthur ter sido mandado para outro reino para ser criado Morgana, que é dotada da visão, parte para Avalon com Viviane para ser treinada Sacerdotisa, e possivelmente suceder Viviane como Rainha do Lago.
Viviane instrui Morgana a guardar sua virgindade para hora oportuna, e Morgana o fez. A unica vez que cogitou desobedece-la foi quando o filho de Viviane, Galahad (Sim, o Lancelot) visita Avalon, logo ambos são envolvidos por uma aura romântica, chegando a quase se amarem.
A aura acaba quando, perdida nas brumas de Avalon, uma jovem e ainda residente de um convento Gwenhwyfar aparece, fisgando Lancelot para sempre, e o afastando de Morgana. Esse é o primeiro conflito de Morgana que amava, e amou Lancelot por um longo tempo.
Futuramente após alguns fatos Morgana renuncia a Avalon e vai viver com Morgause sua tia, nesse pornto Morgana é introduzida ao fatos externos a Avalon, dando início a uma gama de tramas também. Não pretendo me estender mais agora.

***

Meu objetivo foi dar uma geral do início da trama que se desenvolve para demonstrar a complexidade dos acontecimentos na obra, eu recomendo essa leitura, é um livro maravilhoso!





Um comentário:

  1. Eu vi parte de sua resenha / resumo no Skoob e acompanhei o restante aqui. Muito bom, ajudou-me bastante em esclarecer certos pontos na história.

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