domingo, 18 de janeiro de 2015

[RESENHA] - IT: A COISA


"O que ele viu então era terrível o bastante para fazer suas piores fantasias da coisa no porão parecerem doces sonhos; o que ele viu destruiu sua sanidade em um golpe de uma garra"

Esse é o terceiro livro que leio de Stephen King, e devo admitir que o autor já me é muito estimado. A cada livro que eu leio dele mais eu quero!
Primeiramente devo dizer que ouço muito que King é o Mestre do Horror, porém esse livro me mostra que ele não é simplesmente o Mestre do Horror e sim o Mestre das Emoções. Digo isso porque nunca vi um autor trabalhar tão bem as emoções tanto em seus personagens quanto nos leitores. Lendo esse livro fui transportado diversas vezes para o passado - assim como os personagens - recordando-me (uma recordação viva, quase uma vivência) a época de criança, onde tudo era simples e não havia maldade nas coisas, onde a imaginação predominava e tudo era uma grande brincadeira, tudo era novo, tudo estava ali para ser descoberto.

O livro embora tenha 1102 páginas possui uma leitura rápida e isso se deve em grande parte pela narrativa do King, que assim como em O Iluminado te prende, tornando o leitor parte da estória. Mais uma vez também King constrói seus personagens de maneira estupidamente maravilhosa, somos apresentados a eles no começo sem saber muito sobre cada um, com eles já adultos, mas mais uma vez King lapida seus personagens utilizando as lembranças deles (e ele faz isso muito, mas muito bem!).
Os personagens principais Bill, Richie, Ben, Bev, Mike, Stan e Eddie, formam juntos o grupo dos Otários. Eles no livro tem de enfrentar A Coisa em dois momentos, na infância e já adultos, e essas duas partes nos é revelada, porém não de forma linear, ou seja, King intercala a narrativa entre eles adultos e eles crianças - a narrativa deles crianças é revelada quando os personagens começam a recordar os acontecimentos do passado.

O livro possui 5 partes, cada uma delas dividida em capítulos e cada capítulo subdivido e pequenas partes (assim como no iluminado). No final de cada parte possuímos interlúdios, que são as anotações feitas por Mike.

  1. Parte 1 - A sombra de Antes - Nessa parte já somos apresentados a Bill, e como seu irmão George veio a morrer, após isso o autor já da um salto para o futuro.
  2. Parte 2 - Junho de 1958 - Os fatos aqui acontecem com eles crianças, mostra como os personagens se conheceram, as características dele e já dois fatos relacionados com a coisa (a casa 29 da rua Neibolt e o Album de George).
  3. Parte 3 - Adultos - Como o titulo diz, aqui já estão adultos novamente, voltam a Derry após um chamado de Mike dizendo que A Coisa voltou, nessa parte o interessante são as excursões que eles fazem pela cidade, cada um reencontrando A Coisa.
  4. Parte 4 - Julho de 1958 - Aqui eles reunidos na biblioteca com Mike recordam mais acontecimentos do passado, como a guerra de pedras a morte de Patrick Hockstetter, o album do pai de Mike, o buraco de fumaça...
  5. Parte 5 - O ritual de Chud - Nessa parte passado e presente são narrados alternativamente, de uma forma bem dinâmica inclusive, e mostra o confronto final das crianças e adultos com A Coisa, onde eles adentram os tuneis de esgoto da cidade para encontra-la.
***

Ok, o que disse anteriormente só foi uma breve introdução, eu acho que esse livro deve sem bem discutido, então pode ser que tenham spoilers da estória a partir desse ponto.
Apresentando os personagens:

  1. Bill Denbrough: Bill é um garoto gago (chamado de Bill Gago, e também de Big Bill pelos amigos), na verdade se chama Willian sendo Bill um apelido. Ele é tido pelos amigos como um líder para eles. É um garoto que possui coragem e inspira coragem suportando muitas vezes grandes tensões para manter a calma do grupo e a convicção dos amigos. Possui sua bicicleta - não muito conservada, mas rápida, Silver.  Quando adulto ele torna-se escritor de contos de terror influenciado pelo subconsciente assombrado pelos acontecimentos de 1958 (ele já não se lembra deles).
  2. Richie Tozier: Richie é o extrovertido do grupo o palhaço, que não para de fazer graça e zuar os amigos com sua habilidade de fazer vozes. No futuro ele se tornaria o homem das mil-vozes. É um garoto que ama rock-in-roll embora censurado pelos pais que não gostam desse tipo de musica. Acima de tudo um grande peste.
  3. Ben Hanscom: Ben com certeza meu personagem favorito, é um rapaz gordo e solítario (até se encontrar com Bill e Eddie), seus passatempos basicamente eram comer e ir a biblioteca (ele adorava particularmente a passarela de teto de vidro que ligava a biblioteca adulta e a infantil). Quando adulto Ben torna-se um homem magro (devido a um episodio com um treinador de educação física anos depois de 1958) e um arquiteto de grande renome, a habilidade de construção já vinha desde criança quando ele construiu uma represa no Kenduskeag e também a casa na árvore (que era no chão) do grupo dos Otários.
  4. Stan Uris: Stan é o garoto judeu que tem como Hobbie observar pássaros. No futuro ele torna-se um contador de grande sucesso, porém comete suicídio ao receber o chamado de Mike dizendo que A Coisa voltou. Logo na infância percebemos que ele é bem suscetível a esse tipo de coisa.
  5. Eddie Kaspbrack: Eddie é um garoto super protegido pela mãe (que é meio doida com negócio de doença) e o leva a pensar que ele possuí todo tido de doença, inclusive asma, ressaltando ao menino que ele é frágil e deve tomar cuidado, levando ele com frequência ao médico. No fundo Eddie é um garoto enérgico como todos os outros impedido apenas pela sua convicção de ser frágil. No futuro ele torna-se dono de uma agência de limosines e casa-se com uma mulher (Wendy?) que nada mais é que uma personificação de sua própria mãe.
  6. Beverly Marsh: Bev é a típica garota menino, que não se dá bem com outras meninas, em parte por elas serem enjoadas e patricinhas, em parte por elas descriminarem Bev pelo local que ela mora e pelo próprio jeito dela (de falar palavrões por exemplo). Bev tem um pai que a agride e isso se reflete anos depois quando ela se casa com Tom, um homem que a agride também, por ela fumar por exemplo.
  7. Michael Hanlon: O ultimo dos Otários, Mike é um garoto negro (sofre demasiado preconceito), garoto enérgico também e de atitude, ele foi o único que permaneceu em Derry após os acontecimentos de 1958. Tornou-se bibliotecário lá, e fez intensa pesquisa sobre Derry e fatos que estão relacionados com a coisa (o incêndio do Black Spot dentre outros) que nos são revelados nos interlúdios.
  8. Henry Bowers: Henry Bowers, filho do lunático Butch Bowers, é o valentão da escola de Derry, ele e seus amigos Victor Criss, Arroto Huggins e mais tarde o sociopata Patrick Hockstetter, perseguem os otários, um por ser negro outro por ser gordo outro por ser judeu. Descontando suas frustrações neles. Henry depois começa a ouvir vozes da lua (A Coisa) e passa a ser um agente dela para conseguir matar os Otários.
Essa foi só uma breve introdução dos personagens, como eu disse King nos apresenta todos eles maravilhosamente, e eles com certeza são marcantes, tão reais que quase é possível toca-los.
Agora falando da estória, o primeiro paragrafo do livro:

"O terror, que só terminaria 28 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma folha de jornal flutuando por uma sarjeta cheia de água da chuva."

Tudo começa quando Bill constrói um barquinho para George seu irmão. George brincando com o barquinho na enxurrada depara-se com A Coisa num bueiro, A Coisa está na sua forma de Palhaço (forma que ela utiliza para atrair sua presa favorita: crianças).
 Depois de narrada a morte de George, King já pula para o futuro e mostra o caso do assassinato de Melon, onde testemunhas relatam que após ele ser morto por homofóbicos um palhaço em baixo de uma ponte o pegou e mordeu. Esse seria o caso que marcaria o retorno da Coisa, 27 anos depois.
Em seguida os Otários já adultos recebem as ligações de Mike avisando que A Coisa voltou, e que eles tinham que voltar pela promessa que fizeram. Eles voltam menos Stan que se mata.
A partir daí a estória segue uma gama de acontecimentos e recordações, maravilhosas e aterrorizantes. Não vou contar claro porque tem que ser lido.
Algumas passagens me assustaram como Stan criança na torre de água ou Bev adulta na casa do pai. 

***

Uma coisa que achei legal, na parte em que o pai de Mike conta para ele a estória do Black Spot, que era um ponto de encontro para os negros integrantes do exército, ele cita que o cozinheiro se chama Dick Hallorann (penultimo parágrafo da página 447 nessa edição que eu coloquei a foto), que possivelmente é o mesmo Dick de O Oluminado, menciona também um tal de Gillespie que é o sobrenome do xerife em Salem. Isso indica uma ligação entre os universos (ou não), enfim uma especulação que achei interessante.

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Aqui vou falar sobre a criatura, A Coisa, achei muito interessante esse monstro, e a cosmologia do livro (ou do universo de King, não sei se o que ele diz nesse livro se aplica aos outros, ou pelo menos a alguns deles). Essa parte terá spoilers!

Existe um ser, um ser só chamado como O Outro, que é o ser de maior poder no universo, ele está acima de todos os outros.
Esse ser criou a tartaruga e A Coisa. A tartaruga um dia teve uma dor de barriga e vomitou o universo, A Coisa que é apenas uma luz disforme e forte (a mente humana sempre a enxerga de uma forma mais factível, mais compreensível) se exilou na terra a muitos milhares de anos atrás no local que hoje é conhecido como Derry.
A Coisa retorna de um sono de 27 em 27 anos para fazer suas vítimas se alimentar. A preferência dela são as crianças.
A Coisa consegue mudar sua forma, geralmente assumindo o aspecto dos medos das pessoas, ou seja, para uma criança ela pode aparecer como uma múmia, um lobisomem, criancinhas afogadas até mesmo pode fazer fotos se mexerem, entre outras coisas.
Outros poderes que percebemos é a capacidade de estar em mais de um lugar (percebemos isso no capítulo em que eles adultos andando pela cidade encontram a coisa sozinhos), ela diz uma hora que é capaz de causar um câncer por exemplo ou até de te fazer um humano rico, dono do mundo. Ela ainda pode causar alucinações e ilusões assim como controlar pessoas de mente fraca.
Dito isso sabemos porque a coisa geralmente aparece na forma de palhaço, para atrair sua presa favorita, as crianças.

***

Finalizando, eu só queria dizer que o livro é ótimo, e ficará marcado na minha lembrança assim como seus personagens. Eu realmente gostei muito, porém no meu skoob dei uma nota quatro para ele, e o porquê disso é a cena desnecessária no final do livro, onde após os otários derrotarem a coisa pela primeira vez quando crianças eles perdem a união e ficam perdidos nos tuneis da cidade e para isso Bev, uma garota de 11 anos, tem a brilhante ideia de transar com os seis garotos, com a mesma idade aproximadamente, para unir o grupo novamente. Assim, eu não sei para que após um livro excepcional desse o King colocou uma cena dessa, ele poderia simplesmente ter deixado passar e falado que os garotos saíram dos tuneis e se deram bem, poxa vida, podia ter sido um livro perfeito não fosse esse detalhe.






sábado, 10 de janeiro de 2015

[RESENHA] - SALEM



"A cidade zelava mais pelas obras do demônio do que pelas obras divinas ou humanas. Conhecia a escuridão. E a escuridão lhe bastava".

Este é o segundo romance de Stephen King, e segundo romance dele que eu leio. O que posso dizer a respeito dele é que como em O Iluminado o autor constrói os personagens de maneira excepcional - não de forma tão profunda como em O Iluminado, porém temos que entender que os personagens representam as facetas de Jerusalem's Lot. De modo que enxergando a cidade como um personagem, ela torna-se muito bem caracterizada - construída.
Como toda cidade tem seus aspectos bons e ruins representados em seus moradores, porém com um sobressalto do seu lado mais 'podre'. A frase com a qual eu iniciei o texto - tirada do próprio livro - representa bem isso.
Temos Dud o zelador do lixão, um homem corcunda, com aparência desagradável, que tem como passatempo atirar nos ratos que fogem do fogo ateado no lixo depositado, ou ainda, tem uma tara por uma garota da cidade que ele não pode conquistar.
Weasel Craig, que vive na pensão de Eva Miller, oferecendo como pagamento o seu trabalho para serviços da pensão. Um homem beberrão que bebe com frequência no Dell's.
Richie Boddin o valentão da escola, um moleque gordo que gosta de arrumar encrenca com os magrelos quatro olhos.
Lawrence Crockett, dono da imobiliária local cujo a ganância trouxera o mal à cidade.
Dentre outros.
Como eu disse são muitos personagens, aprofundados de uma maneira não tão profunda, mas quando enxergamos todos juntos vemos um bom retrato da cidade.

Claro que temos personagens positivos como o prórpio Ben Mars, protagonista da história, Susan Nortan, garota de Salem que se envolve com Ben, Mark Petrie, um garoto que recém mudara-se com a família a salem, o professor Matt e o padre Galahann - que embora seja apegado com a bebida é um homem que deseja combater o MAL, como ele diz, não o mal.
Não poderia deixar de citar também a ilustre Casa Marsten, onde um grande mal ocorreu. Como disse Ben - a casa é um ídolo a observar a cidade.

*** 

A estória começa quando Ben Mars volta a Salem a fim de livra-se de assombrações passadas, oriundas de sua infância vivida lá. Chegando a Salem se envolve com Susan.
King logo no começo já nos apresenta a cidade e sua rotina, do ponto de vista de cada um de seus habitantes.
Todo o mal começa quando Ralphie um garoto de nove anos desaparece e seu irmão é internado com anêmia, vindo a falecer depois. 
Um pouco depois desse ocorrido Matt o professor abriga o embriagado Mike em sua casa, após passar mal no Dell's. Durante a noite Matt ouve Mike convidando alguém para entrar em seu quarto... amanhece morto.
Aí Matt, que encontrara Ben no Dell's anteriormente chama-o e conta a esse sua teoria sobre as ocorrências recentes...
Nesse ponto não contarei mais para não tirar a graça. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

[RESENHA] - A PATA DO MACACO



"Cuidado com o que deseja, você pode não ficar contente com a forma com que ele é realizado".

A pata do macaco é um conto escrito por W.W. Jacobs, eu entrei em contato com ele primeiramente na Antologia de Literatura Fantástica, organizada pelos escritores: Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo, publicado no Brasil pela editora Cosac Naify, nessa lindíssima edição:





Tenho que admitir que essa é uma antologia que não me agrada muito, porém esse conto em especial me chamou a atenção (ainda não li todos, mas a maioria). Vou comentar brevemente o conto pois como ele é curto se eu me prolongar contarei ele todo.

***

Certa noite a família White, composta pelo patriarca Sr. White, a Sr. White e o filho Herbert White, recebe a visita de um sargento que voltou da Índia, e ele apresenta a família um artefato mágico, uma pata de macaco.
O sargento diz que um faquir a lançou um feitiço para que ela realizasse três desejos para o homem que a possuísse. Assim como a conhecida lâmpada mágica. 
 Herbert se livra da pata deixando-a com a família White. Embora ele tenha dado vários avisos para que a família a destruísse, e que não usasse (pelo visto o sargento não se deu bem usando a pata) tive a impressão que ele sentiu um certo alívio por se livrar do artefato.
O sargento vai-se embora...
Duvidando da história Sr. White pede a pata 200 libras para comprovar a veracidade da lenda. Herbert se retira para o trabalho.
Agora digo que ele recebeu o dinheiro desejado, de um homem que bateu na sua porta no dia seguinte. Mas a que custo?

[RESENHA] - AS BRUMAS DE AVALON


"e todas os Deuses são uma deusa, e há apenas um iniciador. E a cada homem a sua verdade, e Deus com ela".

As Brumas de Avalon, uma série de quatro livros escritos por Marion Zimmer Bradley. Trata da tão comentada lenda do Rei Arthur da Bretanha, essa "quadrilogia" trata sobretudo do homem, das escolhas do homem, das crenças do homem, e do destino que cabe ao homem devido as suas escolhas e crenças. É uma narrativa excepcional, emocionante.
É certo que todas as pessoas que conheço (não necessariamente pessoalmente) que leram a amam de paixão, muitas vezes a tendo como a sua obra favorita. Eu devo admitir que em certar partes eu considerei o livro cansativo, principalmente nas partes onde a autora narra os pensamentos amorosos das personagens e o sofrimento de desejar um amor proibido, como no caso de Gwenhwyfar e Lancelot, porém nada no mundo deve te impedir de ler essa obra.
Como eu disse a obra é rica por tratar dos dramas humanos de todas as espécies, desde o incesto até o amor platônico, a tragédia e até mesmo a religião, essa frase com a qual abri a resenha representa bem o cunho religioso do livro.

Logo no primeiro volume somos apresentados a Viviane, a rainha do lago, sacerdotisa que representa a grande Deusa (deusa cultuada pelo povo de Avalon), Avalon é uma ilha envolta em Brumas, sendo necessário para adentrar seu território uma sacerdotisa capaz de com um encanto afastar as brumas. Avalon é acima de tudo um mundo encantado (sim, a obra tem um cunho fantasioso forte).
Viviane sendo representante da Deusa em pessoa é capaz de com encantamentos utilizar o que as sacerdotisas chamam de Visão, que permite que elas veja o futuro ou até mesmo 'profetizar'. Viviane dirige-se a Cornualha acompanhada com Merlim da Bretanha, onde sua irmã Igraine é casada com o duque da Cornualha Gorlois. Nesse encontro Viviane revela a Igraine que o Grande Rei da Bretanha Ambrósio está prestes a falecer, e que com a ascensão do Cristianismo a religião antiga da Deusa está caindo no esquecimento, e conforme isso acontece Avalon se afunda mais e mais nas Brumas, podendo chegar ao ponto de sair do mundo real.
Viviane então profetiza que Igraine deve se casar com o próximo Rei da Bretanha Uther Pendragon e que desse casamento nascerá aquele que unificará a Bretanha e vencerá os Saxões. Esse rei que nascerá será Arthur, com esse plano Viviane tem o intuito de coroar Arthur segundo os rituais de Avalon e torna-lo fiel a eles para que Avalon não caia nas Brumas.
Aí temos o primeiro grande conflito interno da obra onda Igraine já casada, com um homem que não ama embora o respeite pois tem com ele uma filha, Morgana, tendo que conquistar Uther seu amado. Sucede uma série de acontecimentos (não citarei aqui claro pois o intuito não é recontar o livro e sim dar uma breve introdução) em que Uther se casa com Igraine e dá a luz a Arthur (após isso ele nunca mais foi capaz de dar um filho a Uther).
Arthur após sofrer risco de vida por uma armação da própria tia e do cunhado Lot, ganancioso pelo trono, senão para si para seus filhos, Arthur é enviado para ser criado em outro reino. Após a morte de Uther, Arthur é coroado nas ilhas de Avalon em um dos rituais onde ele se deita com uma sacerdotisa virgem, e bem não vou falar quem é claro!
Após esses eventos Morgana faz para seu meio-irmão Arthur uma bainha para a espada Excalibur, bainha essa que independente da gravidade do ferimento que  Arthur venha a sofrer ele não sangrará até morrer.
No segundo volume somos apresentados a Gwenhwyfar (odeio ela) que vem a ser a Grande Rainha, esposa de Arthur (inclusive a Tavola Redonda que tanto se fala foi uma parte do dote dado a Arthur pelo sogro). Nesse período Morgana morava com a tia Morgause no Reino de Lot.
Na grande guerra com os saxões Gwenhwyfar cose uma bandeira da virgem para Arthur levar na frente do pelotão, ele acata a mulher e abandona a haste do Pendragon, traindo assim o juramento feito a Avalon, nesse ponto outro conflito é estabelecido, o religioso, onde Arthur e Avalon não estão mais acertados.
Grande parte do segundo livro explora o psicológico de Gwenhwyfar, onde ela é atormentada por desejos carnais pelo cavaleiro (fiel e grande amido de Arthur) filho de Viviane, Lancelot, essa parte em especifico eu me canso um pouco por achar a autora um pouco repetitiva.
Pode parecer que com isso a história já está contada mas em cada volume temos uma série de acontecimentos centrais que guiam a estória. O livro é muito denso, embora curto, mesmo porque a autora as vezes em poucos parágrafos da grandes saltos na estória.
Seguido desses acontecimentos ainda temos muitas coisas, como o nascimento de Mordred, filho de Morgana, a paz com os saxões, a mudança de Caerleon para Camelot, o desenvolvimento do amor de Lancelot por Gwenhwyfar, vários cavaleiros são nomeados por Arthur. E a trama só cresce, caminhando para uma iminente tragédia
Como eu disse no começo o livro tem um tom profético em muitas partes, porém profecias essas que são feitas por escolhas acima de tudo, e dessas escolhas pode-se colher mil frutos bons, mas nem todos o serão. Todas os atos tem suas consequências e o destino com certeza irá cobrar com sangue e pranto o que lhe é devido.

***

Acabei injustamente na minha rápida introdução de alguns fatos do livro omitindo umas das personagens, a filha de Igraine, Morgana das fadas. Morgana é de longe minha personagem favorita e considero-a como a principal personagem do livro até mais que Arthur.
Morgana luta por seus ideais maiores, compreendo as motivações e frustrações dela ao longo do conto.
Morgana nasceu na Cornualha filha de uma jovem Igraine e Gorlois, o Duque. Em sua infância na Cornualha sempre fora agarrada a mãe e a mãe, sozinha no recinto, a filha. Tudo muda após o casamento de Igraine com Uther o Pendragon, a partir desse ponto Igraine fica devota ao marido, negligenciando Arthur à Morgana, que a princípio despreza-o, tratando-o como coisinha feia. Porém depois cria um laço quase que maternal com o meio-irmão.
Após Arthur ter sido mandado para outro reino para ser criado Morgana, que é dotada da visão, parte para Avalon com Viviane para ser treinada Sacerdotisa, e possivelmente suceder Viviane como Rainha do Lago.
Viviane instrui Morgana a guardar sua virgindade para hora oportuna, e Morgana o fez. A unica vez que cogitou desobedece-la foi quando o filho de Viviane, Galahad (Sim, o Lancelot) visita Avalon, logo ambos são envolvidos por uma aura romântica, chegando a quase se amarem.
A aura acaba quando, perdida nas brumas de Avalon, uma jovem e ainda residente de um convento Gwenhwyfar aparece, fisgando Lancelot para sempre, e o afastando de Morgana. Esse é o primeiro conflito de Morgana que amava, e amou Lancelot por um longo tempo.
Futuramente após alguns fatos Morgana renuncia a Avalon e vai viver com Morgause sua tia, nesse pornto Morgana é introduzida ao fatos externos a Avalon, dando início a uma gama de tramas também. Não pretendo me estender mais agora.

***

Meu objetivo foi dar uma geral do início da trama que se desenvolve para demonstrar a complexidade dos acontecimentos na obra, eu recomendo essa leitura, é um livro maravilhoso!





[RESENHA] - O ILUMINADO



"Este lugar desumano cria monstros humanos."

Este é um livro que tenho desde 2008 na minha prateleira (em uma versão Pocket não muito estimada por mim), naquela época cheguei a ler mais de trezentas páginas das quinhentos e oitenta e uma, por algum motivo qualquer ou por alguma força maior eu larguei a leitura, as vezes o universo tem dessas coisas misteriosas...
Hoje em 2014/2015 (ainda não me habituei com a mudança de ano) estou numa vibe de leitura de livros de horror, então após ler o festim dos corvos e as brumas de avalon iniciei (reiniciei) a leitura do livro O Iluminado, para minha surpresa a leitura me agradou e me prendeu tanto que cheguei a ler oitenta por cento do livro em uma madrugada (quando eu finalmente cai no sono, horrorizado).
Creio que o senhor Stephen King dispensa apresentações (ele que é referenciado como O Mestre do Terror - imagino que seja), e mesmo que não dispensasse eu não sou a pessoa certa nem indicada para faze-lo pois O Iluminado foi meu primeiro contato com o autor.

Falando um pouco do livro e da narrativa; Stephen King consegue de uma forma espetacular apresentar seus personagens e o íntimo do psique de cada um. O livro gira em torno principalmente da família Torrance composta por Jack Torrance (O pai), Wendy Torrance (a mãe) e um garotinho muito especial Danny Torrance (o filho).
Vou apresenta-los aqui, lembrando que meu intento não é fazer nada muito complexo nem recontar a estória, e sim apenas compartilhar as leituras que gosto e instigar a vontade de leitura nos outros.
Jack Torrance é um ex-professor de literatura, a história começa quando Jack trata com Ullman, um "Babaquinha pomposo", sobre seu emprego de zelador no famigerado hotel Overlook, no período de temporada fechada do hotel, emprego esse arranjado por um ex-colega de trabalho de Jack, Albert Shockley, dono de grande parte das ações do hotel.
Jack é um homem atormentado por fantasmas do passado, sofrera deveras devido ao alcoolismo, que causara problemas não só em seu emprego como também na convivência com sua família. O que levantou varias vezes na mente de Wendy a palavra "DIVÓRCIO". No período em que o livro tem início Jack está a aproximadamente a 14 meses sóbrio (se não me engano!), tentando dar um rumo (um reboot) em sua vida, retomando a escrita de sua peça, a reconciliação com sua esposa e passando mais tempo com o filho (alfabetizando-o).
Na parte de construção dos personagens (Jack e Wendy) Stephen King utiliza de flashbakcs onde os personagens refletem sobre uma dada ocorrência de sua vida, assim tudo nos é revelado de forma empolgante. 
Danny Torrance é um garotinho especial, Iluminado, o que significa que ele sabe mais do que as pessoas normais, ele pode saber por exemplo o que se passa na minha cabeça conforme eu escrevo esse texto ('pizza'), ou então seu amigo imaginário (ou real?) Tony o mostra coisas que vão acontecer ou objetos escondidos, pode até ver coisas que já aconteceram como imagens de um livro ilustrado - ou seja, entrar em um quarto onde certa vez uma certa pessoa foi assassinada de maneira peculiar e enxergar o encéfalo e sangue dessa certa pessoa espalhados pintando o papel de parede do recinto.
Ok, isso pode não parecer assustador, mas lembrem-se do novo emprego de Jack - zelador do Overlook, no período de temporada fechada - período no qual as tempestades de neve aumentam absurdamente deixando qualquer ser vivo no recinto ilhado.
Ok, ainda não é assustador, basta a pessoa ter os suprimentos necessários de comida (para não serem obrigados a comerem a carne dos primeiros a morrer),agasalhos e sistemas de comunicação com o mundo exterior que nada de ruim pode acontecer. Sim, eles tem tudo isso - o sistema de comunicação não por muito tempo - mas o problema é que o Overlook não é um hotel qualquer, ele é um hotel com um histórico peculiar, dentre as singulares ocorrências temos:

  1. Um suicídio;
  2. A execução de um mafioso e seus dois guardas na suite presidencial;
  3. A morte de uma velha na banheira do aparatamento 217.
dentre outras coisas...

Tony avisa Danny do perigo que ele correria no hotel no início do livro, mostrando-o em sonhos ele sendo perseguido por um ser dentro do hotel, um ser com sede de sangue, e a inscrição 'REDRUM' ('MURDER' ao contrário). Porém o garoto não faz objeções uma vez que quer agradar o pai sabendo que o emprego é importante para ele.
Bom e nesse trilho segue a história, onde um homem assombrado pelos demônios do passado é atormentado por forças maiores que ele levando-o a loucura dentro do hotel.

Recomendo a leitura desse livro demais! Eu mesmo fiquei tão empolgado que já pedi os livros Salem e It-A coisa do King para ler.
Por enquanto é isso!


[RESENHA] - O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS

Douglas Adams - Um dos poucos homens a contemplar o universo em sua totalidade, ao lado de Einstein, Hubble, Feynman, segundo o prefácio de Bradley Trevor Greive - foi um escritor e comediante Inglês nascido em 11 de março de 1952 e morto em 11 de maio de 2001, estupidamente cedo aos 49 anos.

"Não entre em PÂNICO."

O livro de Douglas Adams logo em seu prefácio já nos demonstra seu caráter crítico e absurdamente cômico, ao nos apresentar trechos, como:

- Referindo-se a terra e seus habitantes:

"Este planeta tem - ou melhor tinha - o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos [...]"

Ou ainda:

"E então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais uma com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz [...]"

Em suma, o livro deseja te fazer rir, mas não sem antes instigar o leitor a pensar!

O guia do mochileiro das galaxias é uma enciclopédia publicada pelas grandes editoras da Ursa Menor que visa ajudar os famigerados viajantes e exploradores da Via Láctea em suas jornadas, por ser um livro com um número absurdo de informações  ele é "publicado sob a forma de um microcomponente eletrônico subméson porque, se fosse impresso de forma convencional, um mochileiro interestelar iria precisar de diversos prédios desconfortavelmente grandes para acomodar sua biblioteca." O que me leva a crer que Doug (para os íntimos) imaginou com uma certa antecedência o que hoje chamamos de e-readers - Lembrando que o livro foi publicado em 1979.
O guia traz informações muito interessantes como por exemplo como preparar uma Dinamite Pentagalática, ou ainda as mil e uma utilidades - Incluindo o uso como arma, quando úmidas e enroladas.
O guia também possui informações sobre o planeta terra, ele diz:

"Inofensiva."

O que foi modificado após o exílio de quinze anos de Ford Prefect (um alienígena oriundo de Beteguelse II) para:

"Praticamente Inofensiva."

***

A história do livro tem inicio quando a casa de Arthur Dent está prestes a ser derrubada - pois um desvio seria construído passando onde ela se localiza - nesse momento Arthur é convencido por seu amigo Ford Prefect (que ao vir a terra achou que esse seria um nome comum) a ir ao bar beber pois o fim do mundo estava próximo.
*Uma observação engraçada sobre o alienígena Ford, em Betelgeuse  II seu apelido é Ix que pode ser traduzido como  "menino que não sabe explicar direito o que é um Hrung e nem por que ele resolveu cair em cima de betelgeuse IV". - Leiam para saber o porque.
E de fato estava, uma raça chamada Vogon iriam destruir a terra para construir um desvio. Ao ser destruída, Arthur e Ford pegam carona  na nave Vogon e a partir desse momento passam por uma série de aventuras:

  1. Ouvir o Vogon comandante recitar um poema (terceiro pior poema da galáxia segundo o guia).
  2. Vão a bordo da nave coração de ouro ao lado do presidente da galáxia (um homem com duas cabeças), e um robô depressivo Marvin.
  3. Encontram a resposta para a vida o universo e tudo mais (na verdade ninguém sabe realmente a pergunta) dada pelo Pensador Profundo e ela é 42.
  4. Utilizam o gerador de improbabilidade infinita, transformando dois misseis em uma cachalote e um vazo de petúnias. (Minha parte predileta do livro), o vídeo abaixo mostra essa cena :

"Curiosamente, a única coisa que passou pela mente do vaso de petúnias ao cair foi: Ah, não, outra vez! Muitas pessoas meditaram sobre esse fato e concluíram que, se soubéssemos exatamente por que o vaso de petúnias pensou isso, saberíamos muito mais a respeito da natureza do Universo do que sabemos atualmente."

Genial! 

Não pretendo agora estender-me muito mais aqui pois esse é um livro cuja a leitura vale muito a pena, além de divertido ele possui colocações inteligentíssimas. Como estudante de física esse livro muito me agradou também!
É isso aí, leiam e NÃO ENTREM EM PÂNICO!